Nós, professores atuantes no ensino-aprendizagem de qualquer
disciplina, em dado momento de nossas vidas, certamente nos questionaremos a
respeito do tipo de professor que somos. De fato, este é um tema que exige
bastante reflexão, pois são muitas as variáveis envolvidas para que consigamos
chegar a uma resposta clara quanto ao tipo de professor que somos.
Devemos levar em consideração que somos o resultado de
nossas experiências como seres humanos, como eternos aprendizes e de nossa
percepção da questão aprendizagem/ensino (enquanto aluno) e de
ensino/aprendizagem (enquanto professor). Além disso, é importante destacar que
o processo de formação de um professor começa muito antes do curso de
graduação, ele tendo noção quanto a isso ou não.
As estratégias usadas para aprender durante sua vida antes e
durante o ciclo escolar, o meio em que foi criado, a influência das diversas
pessoas que passaram por sua vida, os tipos de ensino a que foi exposto, os
livros que leu, as decepções que sofreu, os desafios que superou entre tantos
outros acontecimentos, são peças nesta construção por acabar que é o ser
professor.
O breve olhar de um professor em seu passado já lhe permite
lembrar os muitos modelos que passaram por sua vida e, também, o reflexo deles
no modo como se ensina.
Quais estratégias preservou em seu ensinar, quais aboliu por
discordar, quais substituiu e o que o motivou a isso, quais resignificou? É
clara a influência destes modelos ou é preciso uma observação mais metódica
para se enxergar estes outros docentes que o compõem?
Suas crenças do que é ser um bom ou mau docente, a motivação
pela escolha da carreira - vocação, meio de subsistência, carreira, ocupação ou
emprego1, sua busca por aprimoramento, a fé no outro (neste caso os alunos), a
vontade de fazer diferença na sociedade tendo o poder de influenciar positiva
ou negativamente um outro ser, são itens que mostram que tipo de professor você
é.
Uma única resposta para esta pergunta “que tipo de professor
eu sou?” é algo que é difícil de definir, pois, no minuto seguinte já há a
possibilidade de ser um docente melhor sendo este ser em eterna evolução.
No entanto, vale muito a reflexão sobre que tipo de docente
você é hoje, que tipo de docente você quer ser e o que precisa fazer para
atingir isto. Aqui vão algumas dicas:
- Trace paralelos;
- Crie metas;
- Registre as
mudanças que for percebendo e
- Lembre-se de que
sempre é tempo de deixar para trás modelos que nos prendem e seguir adiante
resignificando nossas práticas.
1. O autor Kumaravadivelu em seu livro Beyond Methods.
Macrostrategies for Language Teaching (Yale University Press, 2003) diz que
experiências diversas levam a diferentes percepções de ensino, como por
exemplo, ensinar por:
- vocação: um
chamado, desejo de servir;
- carreira:
envolvimento de longo prazo, mas sem realização pessoal;
- ocupação: nenhum
senso de chamado para servir;
- emprego: atividade
que provem sustento;
- trabalho: pode
prover um sentido pessoal, mas não necessariamente significa servir;
- profissão: enfatiza
contribuição social para a sociedade.
Autor: Sueli Bittencourt Belisário
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